Com a evolução crescente dos meios tecnológicos, da capacidade de produção e da necessidade do Homem de, cada vez mais, industrializar o mundo, o ambiente tem sofrido, de forma mais drástica desde a Primeira Revolução Industrial, graves atentados que podem ser mesmo o início do fim da vida natural da terra, tal como a conhecemos.
A saga de destruição da natureza levanta problemas como a perda de biodiversidade, a poluição, a desflorestação massiva, o aquecimento global, as chuvas ácidas, a extinção de espécies, o efeito de estufa, a camada de ozono e as alterações climáticas.
Também a pobreza é um problema preocupante à escala mundial. Em cada 3.5 segundos morre um ser humano por causas derivadas à pobreza. Estima-se que morrem cerca de 50 000 pessoas por dia por razões relacionadas com a pobreza, sendo a maioria mulheres e crianças. Por ano, são cerca de 18 milhões de pessoas. Todos os anos cerca de 11 milhões de crianças, mais que a população de Portugal, morrem antes de completarem 5 anos. Cerca de um sexto da humanidade, 1100 milhões de pessoas, vive no limiar da pobreza com menos de 1 dólar por dia. E ainda mais de 800 milhões de pessoas estão sub nutridas.
O que mais pesa, os problemas ambientais ou a pobreza do Homem? É uma questão pertinente na qual não pensamos na nossa rotina. Muitas vezes nem nos problemas ambientais ou na pobreza de forma isolada, quando mais se os intersectarmos.
Com a evolução crescente dos meios tecnológicos, da capacidade de produção e da necessidade do Homem de, cada vez mais, industrializar o mundo, o ambiente tem sofrido, de forma mais drástica desde a Primeira Revolução Industrial, graves atentados que podem ser mesmo o início do fim da vida natural da terra, tal como a conhecemos.
A saga de destruição da natureza levanta problemas como a perda de biodiversidade, conceito que engloba tanto o número de das diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa dessas categorias, dependendo a espécie humana da biodiversidade para sobreviver; a extinção de espécies, acontecimento aterrador uma vez que a extinção é para sempre, impedindo assim qualquer tentativa de remediação após o facto consumado; a poluição, talvez um dos principais agressores do ambiente e que afecta os solos, a atmosfera, a água, o meio sonoro. A poluição afecta tanto os ecossistemas biológicos como os seres humanos, e provoca consequências tão graves como o aquecimento global, o efeito de estufa, o buraco da camada de ozono, a elevação da temperatura ou as chuvas ácidas.
Outro grande problema reside na desflorestação massiva e ilegal. A perda de biodiversidade está intimamente ligada à desflorestação e à poluição gerada ocasionalmente pelas grandes queimadas, acontecimento principalmente verificado nos países do hemisfério sul, onde se situam as florestas tropicais. Segundo dados da ONU, 50% das florestas tropicais do planeta já foram perdidas. A redução dessas áreas apresenta lesões permanentes para os principais bancos genéticos da terra. As formas inadequadas de aproveitamento económico têm levado à esterilização dos solos, alterações climáticas, tal como o aparecimento de secas prolongadas e ao aumento de catástrofes naturais, como furacões e enchentes.
Mas são, indiscutivelmente os países em desenvolvimento os principais causadores para os problemas ambientais. E não se limitam aos seus eixos de influência, muitas vezes relegam também os seus lixos para os países em desenvolvimento e incentivam a desflorestação ilegal, a título de exemplo, ao comprar a madeira aos infractores. Ou seja, muitas vezes os países pobres não só não poluem como o seu território é poluído pelo hemisfério norte ou pela deslocalização de empresas para estas áreas – como as empresas nucleares, altamente poluentes e perigosas para o Homem, veja-se o caso de Chernobyl – como também são obrigados a conviver com problemas mundiais como o buraco de ozono, o aquecimento global ou a poluição do ar.
Estima-se que a emissão de gases efeito de estufa (GEE) tenha alcançado valores sem precedentes nos últimos dez anos, uma vez que a maioria dos produtos são poluentes e emitem gases tóxicos para a atmosfera, como o inocente frigorífico. Os Estados Unidos são o principal país emissor de GEE, com 45,5% da emissão anual (quase metade!), sendo este o melhor exemplo de desrespeito pela natureza e pelo Mundo.
O protocolo de Quioto, assinado no Japão em 1998 e do qual actualmente fazem parte 166 países, não tendo os EUA, como é visível no mapa, rectificado o tratado, alegando o presidente George W. Bush de que os compromissos acarretados pelo mesmo interfeririam negativamente na economia norte-americana. A Casa Branca também questiona o consenso científico de que os poluentes emitidos pelo Homem causem a elevação da temperatura da Terra. Apesar desta negligência de alguns países, o protocolo é o mais importante instrumento na luta contra as alterações climáticas.
Ambiente VS Pobreza – dois problemas sem intersecção?
Com que veleidade podemos chegar a uma pobre pessoa que nada tem para comer e dizer-lhe que não pode deitar aquela lata para o chão, pois a mesma demorará mil anos a decompor-se na natureza? Com que veleidade podemos chegar ao madeireiro que tem cinco filhos descalços e a morar numa choupana e explicar-lhe que a extracção de árvores que faz para ganhar a vida é ilegal? Não terá ele o direito de nos responder que ilegal é não ter mais meios de sustento, não ter um governo que lhe assegure um sistema de saúde, um emprego e escolas para os seus filhos? O que mais pesa, os problemas ambientais ou a pobreza do Homem?
São questões pertinentes nas quais não pensamos na nossa rotina. Muitas vezes nem nos problemas ambientais ou na pobreza de forma isolada, quando mais se os intersectarmos. Um ser humano que luta diariamente pela sua sobrevivência não se preocupa com as chuvas ácidas, a menos que elas destruam a sua colheita. É justo, provavelmente nem ele nem o seu povo teve mão nesse acontecimento. Deixemos isso para os ricos… Um ser humano que vê o seu filho de três meses morrer de fome nos seus braços não se importa que hajam apenas mais trinta exemplares do lince pardo, e ninguém o pode censurar por isso! Um homem que dorme enrolado em cartão e vive com menos de 1 dólar por dia não sabe sequer que o aquecimento global provocado pelos seus semelhantes está a fazer o nível do mar aumentar assustadoramente. Mas isso não lhe importa, a não ser que o mar lhe derrube o seu abrigo de cartão. De qualquer das formas, que fez ele, que nada tem, nada polui, nada sabe, já nada sente, para tal desgraça acontecer?
Os problemas ambientais devem ser preocupação de qualquer um de nós. Não pretendo diminuir os problemas de perda de biodiversidade, poluição ou qualquer um outro. Mas a verdade é que não temos o direito nem a moral de culpar quem vive no limiar da pobreza por eles, nem por não os conhecer e muito menos se preocupar com os mesmos. O objectivo não é por a pobreza e o ambiente nos dois pratos da balança e ver qual pesa mais. Além de ser uma infantilidade, seria uma perda de tempo. O que é preciso são soluções concretas, objectivos que mais do que estabelecidos, devem ser cumpridos para a resolução destes dois flagelos.
E a chave é, curiosamente, comum para os dois problemas. A solução não está não nos países em desenvolvimento, mas nos países desenvolvidos. Vistas bem as coisas, são eles os principais poluidores, os principais causadores tanto dos problemas ambientais como da pobreza.
Os países desenvolvidos não respeitam os protocolos, pensam apenas em crescer economicamente e continuam a destruir incessantemente o meio. Não só se afectam a eles próprios, como todo o resto do mundo. É como a teoria do efeito borboleta, em que uma delicada borboleta bate as asas de um lado do oceano o que desencadeia um terrível furacão no outro. Uma descarga petrolífera na costa americana pode afectar os simples pescadores de Cabo Verde. Isto pode ser uma hipérbole, mas as hipérboles são urgentes, necessárias à compreensão. É premente que se mudem de atitudes, de horizontes, de metas a atingir, pois a “casa” onde todos vivemos é só uma e está a ser destruída apenas pelo “andar de cima”. Há que ajudar a Terra a auto regenerar-se e não deixá-la cada vez mais à sua, que é a nossa, sorte.
Nas palavras de Bernard de Mandeville, filósofo, político, economista e satírico do século XVIII, natural de Roterdão, Holanda, “nos países onde a propriedade está bem protegida, é mais fácil viver sem dinheiro do que sem os pobres, pois quem faria o trabalho?... Se não se deve deixar os pobres morrerem de fome, não se lhes deve dar coisa alguma que lhes permita economizarem. Se esporadicamente um indivíduo, à custa de trabalho e de privações, se eleva acima das condições em que nasceu, ninguém lhe deve criar obstáculos: é inegável que para todo indivíduo, para toda família, o mais sábio é praticar a frugalidade; mas é interessante de todas as nações ricas que a maior parte dos pobres nunca fique desocupada e que, ao mesmo tempo, gaste sempre tudo o que ganha...”. Segundo esta perspectiva aos países desafogados interessa que continuem a existir países pobres que forneçam mão-de-obra barata e sirvam de mercados de escoamento, bem como fontes de matérias-primas económicos. Nada mais verdadeiro. Sem ser casos pontuais de ONG’s, de pessoas que realmente se preocupam e que a salvação de seres humanos é mais importante do que jogos de interesse e poder, podemos afirmar que os países do Terceiro Mundo são abandonados à sua própria sorte. Este abandono acentua ainda mais o ciclo da pobreza. É gerado um nó-górdio, que se não for “curado” com situações pontuais de “acunpuctura”, ou seja, se não houver intervenção endónega mas a nível exógeno, será muito difícil de reabilitar. A lição mais importante é que todos devemos fazer algo para combater a pobreza, de uma forma ou de outra, por mais irrelevante que pareça. É como o trabalho de Betinho, um simples trabalhador que encentou uma campanha contra a pobreza no Brasil, preocupado com a miséria extrema que se vivia no seu país. Certa vez, confrontado com o facto de a sua campanha contra fome ser uma gota de água no oceano, ele respondeu com uma história : “uma floresta pegava fogo, todos os animais fugiam, menos um beija-flor que ia no rio buscar uma gota d'água, no bico, para pingar no incêndio. Quando os outros bichos lhe perguntaram se aquilo não era ineficaz, deveria era fugir para se salvar, ele respondeu, sem parar o seu trabalho que pelo menos fazia a sua parte para apagar o fogo.”